Prática
Voltar ao índice
 
 
Produção Cultural

 (1999, segundo semestre)


Ricardo de Hollanda


É muito comum, no mercado cultural, estabelecermos contatos com a iniciativa privada de maneira desordenada, com base na intuição e nas relações pessoais, desprezando a leitura de publicações especializadas que podem nos orientar e estabelecer critérios mais confiáveis, de modo que as identificações com determinadas empresas/corporações se desenvolvam profissionalmente e, em conseqüência, os negócios possam guiar-se pelos critérios regidos pelo mercado, isto é, pela oferta e procura do produto cultural.

Da leitura regular de publicações específicas é recomendável o seguinte:

  • criação de um cadastro de empresas, identificando cada uma delas pelo perfil de negócios, atividades já desenvolvidas em cultura, nome dos projetos;

  • neste cadastro identificar as diversas diretorias, principalmente aquelas envolvidas com as áreas de marketing, de comunicação institucional e corporativa. Incluir os nomes de cada diretor e respectiva secretária;

  • localizadas as empresas, procurar desenvolver contatos preliminares através de correspondência, apresentando o seu tipo de negócio, e, por telefone, agendando uma entrevista (oportunidade em que poderá explicar a sua atividade no mercado cultural). Lembre-se que você estará oferecendo a possibilidade de uma negociação futura, favorável para ambos os lados;

  • considerar que a época boa para a prática do negócio cultural é sempre entre os meses de setembro e novembro, período em que as empresas nacionais e estrangeiras estão desenvolvendo o plano estratégico de aplicação financeira
    para o ano seguinte;

  • dentro do plano estratégico já existe um provisionamento financeiro para aplicar em atividades culturais (normalmente em empresas de grande porte e com visibilidade na mídia). Por melhor que seja o projeto, caso o seu valor ultrapasse o teto estipulado pela empresa, é melhor ajustar o custo do evento (quando possível) à realidade financeira do que perder a oportunidade de se aproximar dela. Isto é investir a médio e longo prazos. Gera confiança para a realização de futuros projetos;

  • não se esqueça que o projeto entregue na empresa é o espelho fiel de sua capacidade de realização. Por isso, apresente com apuro o referido projeto, detalhando todos os itens com informações claras, principalmente quando se referir a números.


Se possível você deve assessorar-se de profissionais da área fiscal-tributária, pois quando o assunto sai da esfera do marketing nas empresas, é na área financeira que se dará o próximo passo rumo à decisão de patrocinar ou não um projeto. Essa sugestão se aplica com mais firmeza quando estão envolvidas as leis de incentivo fiscal à cultura, cujo uso implica em conhecer e manejar valores contábeis normalmente sigilosos; não tenha pressa em fechar negócio. Às vezes a espera é boa conselheira e define o bom negociador. Desenvolva o seu projeto e faça a sua apresentação com antecedência de pelo menos 08 meses.



Ricardo de Hollanda
Bacharel em Jornalismo e Editoração. Mestre e Doutor em Ciência da Informação. Atuou no Sistema Jornal do Brasil, Fundação Pró-Memória e Fundação Biblioteca Nacional. É professor do Departamento de Jornalismo da UERJ e desenvolve o Programa de Referência Visual do Rio de Janeiro. É coordenador adjunto do Curso "Marketing Cultural Teoria & Prática" do CEPUERJ.

Voltar ao topo